Ginjal e Lisboa

Ginjal e Lisboa

25 junho, 2011

Como recebeu ela Adão? Despojou-o, e o desflorou, ajudando?

Meninos ou adultos, é a mesma coisa em qualquer idade, quando duas pessoas entregam os seus corpos ao reconhecimento mútuo.

Hesitantes, ternos, aprendizes, despojados, agradecidos, felizes, arrancando de si sementes ou lágrimas e sorrisos.

E palavras de amor e desejo e beijos.

Assim deve ser.

Um subtil jogo de aprendizagem.

Junto ao Tejo, jovem casal de namorados, uma ternura

Como recebeu ela Adão?
Despojou-o,
e o desflorou, ajudando?

Adão, brutal ou terno?
Acometeu, cervo
ou foi penetrante andorinha?

Arrancou de si
sementes, o coração
latindo, cão grato?

Felizes, torturantes,
aprendizes, falsos,
sortílegos, infames?

Inteiraram-se um no outro?
Desejaram a morte
de quantos séculos?


('Mistérios de amos, de cada criatura' de António Osório in '366 poemas que falam de amor', antologia organizada por Vasco Graça Moura)

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