Com os meus parabéns tardios, aqui presto a minha homenagem ao escritor Manuel António Pina. O prémio Camões para este homem humilde, culto, despojado - uma justíssima atribuição. Obrigada pelas crónicas, pelos poemas, por palavras tão belas como as deste poema.
Que tenhamos sempre junto de nós alguém que afaste de nós o pecado da infelicidade.
No Ginjal, ao entardecer, casal passeia, conversando |
A meu favor tenho o teu olhar
testemunhando por mim
perante juízes terríveis:
a morte, os amigos, os inimigos.
E aqueles que me assaltam
à noite na solidão do quarto
refugiam-se em fundos sítios dentro de mim
quando de manhã o teu olhar ilumina o quarto.
Protege-me com ele, com o teu olhar,
dos demónios da noite e das aflições do dia,
fala em voz alta, não deixes que adormeça,
afasta de mim o pecado da infelicidade.
(Completas de Manuel António Pina, in “Algo Parecido Com Isto, da Mesma Substância” )
testemunhando por mim
perante juízes terríveis:
a morte, os amigos, os inimigos.
E aqueles que me assaltam
à noite na solidão do quarto
refugiam-se em fundos sítios dentro de mim
quando de manhã o teu olhar ilumina o quarto.
Protege-me com ele, com o teu olhar,
dos demónios da noite e das aflições do dia,
fala em voz alta, não deixes que adormeça,
afasta de mim o pecado da infelicidade.
(Completas de Manuel António Pina, in “Algo Parecido Com Isto, da Mesma Substância” )
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