Não gosto de olhar a tua fotografia, não gosto, lembra-me de ti, lembra-me que, de ti, apenas tenho uma fotografia.
Tu nem uma fotografia minhas tens, não quero, quero que me lembres como me lembras e não apenas como uma imagem fixada num papel.
Guarda-me no teu coração tal como eu te guardo no meu coração.
Não quero ser um papel dobrado no bolso.
Não quero que esqueças o meu perfume, o meu cabelo, o meu olhar.
Homem, num fim de tarde, junto ao Tejo, olha Lisboa |
Perante a fotografia,
arqueava o olhar,
encolhendo os ombros,
movia-se lento,
enrugando a face
em dor sentida.
Dobrava-a,
voltando a colocá-la no bolso
para uma próxima saudade.
Ainda não a compreendia,
desconhecia-lhe os hábitos
e as formas que tomava.
Sem que
um par de minutos passasse
lá estava ela de novo,
cadente saudade
deixando vazio o bolso.
(Poema do interessante livro '190 minutos aqui' de Patrícia Aguiar)
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