Ginjal e Lisboa

Ginjal e Lisboa

13 abril, 2011

Em longo se transforma o breve engano

Quem visse de fora podia dizer que foi um engano. Mas não foi - não foi, pois não?

Nem as nossas palavras foram postas no vento nem o desejo era medo.

Mas é verdade: a esperança é agora mera memória e os nossos pensamentos perdem-se dentro de nós.

E o espelho em que nos vimos já não é espelho, é apenas um vidro.

Mas dentro de mim guardo a nossa imagem, um homem e uma mulher abraçados como se tivessem pela frente um futuro claro, sem mágoas.

Homem solitário no jardim do Ginjal

Em longo se transforma o breve engano,
e o discurso em vento,
e o desejo em medo.
E a esperança
em memória, e o pensamento
em bússula cega
para o mundo.
E em vidro o espelho apaga,
gasto de mágoas e mudanças,
o claro rosto do futuro.

('Em longo se transforma', de Pedro Mexia in 'Menos por Menos')

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