Ginjal e Lisboa

Ginjal e Lisboa

01 março, 2011

Tropeço no ensurdecedor silêncio da tua voz. Um tempo adiado.

Nestes dias brancos, sem memória, em que, dia após dia, adio a tua voz, acompanha-me o silêncio.

Escondo as lágrimas pelas cartas que não escrevo, pela voz que não procuro.

Pouco ou nada tenho de ti, apenas a memória do teu sorriso, das tuas palavras, do teu olhar.

Avistado do Ginjal, barco atravessa o Tejo numa manhã branca, ao largo de uma Lisboa branca

Tropeço no ensurdecedor
silêncio da tua voz. Um tempo
adiado. Tempo de cicatrizes.

O desaconchego do orgulho
nas tuas esquinas im
pacientes. O teu sorriso pouco.

Ainda ontem aprendiz
ainda ontem navegante.
Mareante a amar-te mais.

Recordo agora
o sobressalto relojoado,
o choro que me sobrou

a carta que não escrevi.
Pouco ou nenhum
era o espólio consentido.


(Sentido 'Tropeço no ensurdecedor silêncio' de Eduardo Pitta in Desobediência)

Sem comentários:

Enviar um comentário