Quando eu for velha e cansada (... quanto ao estar cheia de sono, não preciso esperar que seja velha), recordarei os meus olhos verdes e castanhos que olharam os teus olhos castanhos e verdes que me olhavam.
Recordarei os que me amaram, que amaram o meu corpo e a minha alma, que amaram o meu rosto sem mágoa apesar das mudanças que nele se operam.
E, então, murmurarei, aliviada, que o amor existe, vive entre nós, dentro de nós - apesar de às vezes esconder o rosto no meio da multidão que nos rodeia.
(Aprenda, Pierre le Fou, que o amor não mora ao lado tal como o pecado não deve viver sozinho)
Em Cacilhas, velha mulher, aparentemente frágil , numa paragem em que se anunciam prazeres a baixo custo |
Quando estiveres velha e cansada e cheia de sono
e as sombras excederem as coisas em seus tamanhos,
recorda esses olhos verdes e castanhos
que foram um dia os teus olhos, e numa espécie de sonho
recorda como muitos amaram o teu corpo numa dança
e te amaram com amor falso ou verdadeiro
e amaram tua alma como um luzeiro
e a mágoa no teu rosto em mudança.
E no meio de luzes eléctricas como velas
murmura, um pouco aliviada, que o amor não existe
ou então vive num cume celeste
e escondeu o rosto numa multidão de estrelas.
(As sombras - baseado em "When you are old" de Yeats - de Pedro Mexia in Senhor Fantasma)
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