Ginjal e Lisboa

Ginjal e Lisboa

23 março, 2011

Não sei que horas são no teu relógio

Não sei como passa o tempo por ti. Passa lento?

Por mim o tempo passa tão depressa. Nunca me chega o tempo para tudo o que quero.

 As estações renovam-se, já estamos de novo na Primavera.

Mas, num certo pedaço de mim, há um tempo que parou, tu sabes que parou. Nesse cantinho de mim, estou sentada à tua espera, recordando o teu sorriso, meu amor distante.

No Ginjal, junto a paredes gastas pelo tempo, barco à vela desliza pelo Tejo

Não sei que horas são no teu relógio.
No meu é cedo/tarde - está parado
vai fazer uns vinte anos. Não importa,
pois as coisas vão e vêm, e de novo

se levanta o mês de Março nesta era
da ironia, com seus truques estafados
e promessas desfolhantes. Juntamente,
tudo passa e tudo volta, mas diverso.

Só por isso, justamente, tem piada
estar aqui, abrir os olhos, conferir
ainda e sempre, na vitrina da manhã,
a produção da Primavera.

(Não sei que horas são de José Miguel Silva in Erros Individuais)

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