Saudades.
Junto a estas águas nuas, deixa que te diga da ternura, deixa que recorde os teus lábios, o teu olhar.
Olha o rio e deixa que o silêncio seja a música que nos une.
Olha a cidade branca e deixa que os nossos beijos a habitem.
E deixa que o nosso desejo seja navegável como o rio que amamos.
Dois jovens em Cacilhas, bem junto ao Tejo - Lisboa é uma esplêndida imagem na sua frente |
Amar-te assim desvelado
entre barro fresco e ardor.
Sorver o rumor das luzes
entre os teus lábios fendidos.
Deslizar pela vertente
da garganta, ser música
onde o silêncio aflui
e se concentra.
Irreprimível queimadura
ou vertigem desdobrada
beijo a beijo,
brancura dilacerada
Penetrar na doçura da areia
ou do lume,
na luz queimada
da pupila mais azul,
no oiro anoitecido
entre pétalas cerradas,
no alto e navegável
golfo do desejo,
onde o furor habita
crispado de agulhas,
onde faça sangrar
as tuas águas nuas.
entre barro fresco e ardor.
Sorver o rumor das luzes
entre os teus lábios fendidos.
Deslizar pela vertente
da garganta, ser música
onde o silêncio aflui
e se concentra.
Irreprimível queimadura
ou vertigem desdobrada
beijo a beijo,
brancura dilacerada
Penetrar na doçura da areia
ou do lume,
na luz queimada
da pupila mais azul,
no oiro anoitecido
entre pétalas cerradas,
no alto e navegável
golfo do desejo,
onde o furor habita
crispado de agulhas,
onde faça sangrar
as tuas águas nuas.
(Obscuro domínio de Eugénio de Andrade no livro homónimo)
Sem comentários:
Enviar um comentário