Existes, eu sei, mas estás do outro lado, num qualquer outro lado.
Qual é a minha vida real? A que vivo sem ti ou a que vivo pensando em ti?
É nisso que penso quando por aqui vou, junto a este manso e silente rio.
Sei que existes e vais junto a mim quando por aqui vou, rente a este rio amargurado.
Meu amor. Nunca me separo de ti.
Homem caminha no passeio do Ginjal, mesmo rente ao Tejo |
Sei que existes, e nisto se resume
o estar aqui, o persistir nessas tábuas inertes
que já não sei se é palco ou vida.
Sei que existes pessoa, de outro lado
de um lado que não sei;
sei
que existes, talvez carne, ignotos olhos,
manso rio de um silente vulcão
amargurado.
(Belo, belo poema, '32. Ele:' de Pedro Tamen do belo, belo livro 'Um Teatro às Escuras')
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