Na minha memória, vestes-me e despes-me com o teu olhar.
E acompanhas-me com os teus gestos e com a tua voz.
E o teu sorriso habita dentro de mim.
Para ti criei um reino secreto, por ti guardo uma imagem perfeita num espelho.
Por ti quase perdi o medo para viver em pleno vento, o resto da vida com todo o tempo.
No Ginjal, mesmo sobre o Tejo, pensativo rapaz de bicicleta |
Para atravessar contigo o deserto do mundo
Para enfrentarmos juntos o terror da morte
Para ver a verdade, para perder o medo
Ao lado dos teus passos caminhei.
Para enfrentarmos juntos o terror da morte
Para ver a verdade, para perder o medo
Ao lado dos teus passos caminhei.
Por ti deixei meu reino meu segredo
Minha rápida noite meu silêncio
Minha pérola redonda e seu oriente
Meu espelho minha vida minha imagem
E abandonei os jardins do paraíso.
Minha rápida noite meu silêncio
Minha pérola redonda e seu oriente
Meu espelho minha vida minha imagem
E abandonei os jardins do paraíso.
Cá fora à luz sem véu do dia duro
Sem os espelhos vi que estava nua
E ao descampado se chamava tempo.
Sem os espelhos vi que estava nua
E ao descampado se chamava tempo.
Por isso com teus gestos me vestiste
E aprendi a viver em pleno vento
E aprendi a viver em pleno vento
('Para atravessar contigo o deserto do mundo', de Sophia de Mello Breyner Andresen in Livro Sexto)
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