Assim acontece comigo.
Todos os dias, pacientemente espero que o silêncio se instale, que a noite desça, que as luzes todas se apaguem.
Só então chega o vazio perfeito, só então, quando a hora já é tardia, me sinto capaz de ver as imagens por detrás dos espelhos.
Vinda de Lisboa, em Cacilhas, à noite, mulher espera |
Deito-me tarde
Espero por uma espécie de silêncio
que nunca chega cedo
Espero a atenção a concentração da hora tardia
ardente e nua
É então que os espelhos acendem o seu segundo brilho
É então que se vê o desenho do vazio
É então que se vê subitamente
A nossa própria mão poisada sobre a mesa
É então que se vê passar o silêncio
Navegação antiquíssima e solene
Espero por uma espécie de silêncio
que nunca chega cedo
Espero a atenção a concentração da hora tardia
ardente e nua
É então que os espelhos acendem o seu segundo brilho
É então que se vê o desenho do vazio
É então que se vê subitamente
A nossa própria mão poisada sobre a mesa
É então que se vê passar o silêncio
Navegação antiquíssima e solene
(Espera de Sophia de Mello Breyner Andresen in Geografia)
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