Ginjal e Lisboa

Ginjal e Lisboa

13 janeiro, 2011

Nesta fase em que só o amor me interessa

Vou à janela e, enquanto observo o voo das gaivotas e dos pombos, espero que a memória me traga o amor dos teus olhos, a tua imagem atravessando a rua, a espreitar à minha porta.

Mas a memória já pouco me traz.

Tanto faz.

Há tanto amor na imagem feliz de Lisboa, do Tejo banhado de sol ou coberto de neblina.

(Em dia de mau tempo, uma gaivota em terra, em Cacilhas, à beira do Ginjal, convivendo fraternamente com um pombo)


Nesta fase em que só o amor me interessa
o amor de quem quer que seja
do que quer que seja
o amor de um pequeno objecto
o amor dos teus olhos
o amor da liberdade

o estar à janela amando o trajecto voado
das pombas na tarde calma

nesta fase em que o amor é a música de rádio
que atravessa os quintais
e a criança que corre para casa
com um pão debaixo do braço

nesta fase em que o amor é não ler os jornais

podes vir podes vir em qualquer caravela
ou numa nuvem ou a pé pelas ruas
- aqui está uma janela acolá voam as pombas -

podes vir e sentar-te a falar com as pálpebras
pôr a mão sob o rosto e encher-te de luz

porque o amor meu amor é este equilíbrio
esta serenidade de coração e árvores

(Convite de Egito Gonçalves)

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