Ginjal e Lisboa

Ginjal e Lisboa

12 janeiro, 2011

Daqui, desta Lisboa compassiva, deste Ginjal contemplativo

Não mais tristeza vil e apagada; se é para isso, paciência amigos meus, peguem lá o soneto e vão com Deus...

(Motoreta que não embarcou para Lisboa, em Cacilhas)


Daqui, desta Lisboa compassiva,
Nápoles por Suíços habitada,
onde a tristeza vil, e apagada,
se disfarça de gente mais activa;

Daqui, deste pregão de voz antiga,
deste traquejo feroz de motoreta
ou do outro de gente mais selecta
que roda a quatro a nalga e a barriga;

Daqui, deste azulejo incandescente,
da soleira da vida e piaçaba,
da sacada suspensa no poente,
do ramudo tristôlho que se apaga;

Daqui, só paciência, amigos meus !
Peguem lá o soneto e vão com Deus...

(Daqui, desta Lisboa de Alexandre O'Neill)

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