Ginjal e Lisboa

Ginjal e Lisboa

17 janeiro, 2011

Cinema fechado, melancólico o arrumador, portões a cadeado

No Ginjal estamos como numa sala de cinema a céu aberto. O Tejo e Lisboa são dois magníficos cenários e os personagens variam de dia para dia, usam uma incrível variedade de figurinos, e o argumento nunca é o mesmo.

Ao contrário do poema do Pedro Mexia, melancólico comme lui-même, aqui raramente o cinema é triste, os personagens riem, observam, conversam, passeiam e, portanto, raramente o filme tem um final infeliz.

Tal como os cinemas têm um cheiro característico, também aqui, no Ginjal, há um cheiro muito próprio mas é um cheiro a maresia, a restos de isco, a redes.

(Imponente perfil de um homem (que me fez lembrar Hitchcock) na estação de embarque de Cacilhas, à beira do Ginjal, Lisboa ao fundo, esbatida nestas manhãs de neblina)

Cinema fechado, melancólico
o arrumador, portões
a cadeado, ruído abafado de matinés,
fria a rua, de lado a lado, a cena
em cinemascope restaurado
mas a memória no negrume horizontal,
premeditado, das barras.

(Cinema Fechado de Pedro Mexia in Eliot e Outras Observações ou in Poemas com Cinema)

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