Dantes esperava que o telefone tocasse. Dantes esperava ouvir a tua voz. Para mim e só para mim dizia o teu nome ágil nas vogais.
Agora não espero mais.
Mas às vezes, nas noites de chuva, baixinho, pronuncio o teu nome.
(À chuva, à espera, num banco em Cacilhas, às portas do Ginjal, junto ao Tejo - Lisboa, distante, lá longe)
Às vezes ainda pronuncio o teu nome nas noites de
Agora não espero mais.
Mas às vezes, nas noites de chuva, baixinho, pronuncio o teu nome.
(À chuva, à espera, num banco em Cacilhas, às portas do Ginjal, junto ao Tejo - Lisboa, distante, lá longe)
Às vezes ainda pronuncio o teu nome nas noites de
[chuva
entre as janelas que se fecham e os cobertores que
rapidamente se tiram dos armários
o teu nome ágil
rápido
nas suas límpidas vogais.
porque era então que te ouvia
quando o som do telefone rebentava
dos azulejos ainda mornos das paredes do quarto
- por isso há amigos que ainda não entendem
por que razão as minhas noites nunca têm
limite estabelecido nem
um tempo certo de acabar
(de Alice Vieira in O que dói às aves)
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