Deixa o dia desaparecer, deixa a noite escorrer. E em meus braços aguarda que entreabra, para ti, a chama da paixão. Não te importes com o resto.
Tu pertences a ti, não és de ninguém, vive selvagem e para ti serás alguém.
(Uma rosa é uma rosa é uma rosa - no Ginjal, ao frio, ao vento, o Tejo a correr em baixo)
Trago-te a rosa na ponta de uma espada.
Eu sou o enigma. Tu a decifração.
Por fabulosos signos a amada
é a tua máxima significação.
Deixa o dia desaparecer na curva
das gaivotas que voam o que são
e devolve-te a ti em qualquer gruta
de carícias que abra a minha mão.
Deixa a noite escorrer até à alba
do olvido da nossa duração.
E em meus braços aguarda que entreabra
a eternidade a chama da paixão.
Deixa em meu corpo teus dedos alumbrados
serem o acorde da pura vibração
da luz que em vertiginosa temporada
nos prendeu à aragem deste chão.
("Trago-te a rosa na ponta de uma espada" de Natália Correia in Dimensão Encontrada)
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