No teu olhar se perde o meu, tal como também o mar se perde o céu.
Volta para o meu peito, não saias mais.
Mas tudo em ti é partida, tudo em ti é distância.
E eu recolho-me em prece à Senhora dos Sete Mares, à Senhora das Tempestades.
(Espuma no Tejo, visto do Ginjal, hoje)
Senhora do vento norte com teu manto de sal e espuma
nasce uma estrela cadente de chegares
e há um poema escrito em página nenhuma
quando caminhas sobre as águas Senhora dos sete mares
(Navio cruzando o Tejo, Lisboa a bela do outro lado, hoje, numa fria manhã no Ginjal)
Senhora das águas transbordantes no cais de súbito vazio
Senhora dos navegantes com teu astrolábio e tua errância
teu rosto de sereia à proa de um navio
tudo em ti é partida tudo em ti é distância.
(Entardecer quase solitário hoje no Ginjal, sobre o Tejo em tons doces)
Senhora da hora solitária do entardecer
ninguém sabe se chegas como graça ou como estigma
onde tu moras começa o acontecer
tudo em ti é surpresa Senhora do grande enigma.
(Igreja de Nossa Senhora do Bom Sucesso, em Cacilhas, hoje ao cair da tarde, algumas pessoas em prece)
Tudo em ti é milagre Senhora da energia
quando tu chegas a terra treme e dançam as divindades
batem as sílabas da noite e tudo é uma alquimia
ao som do nome que só Deus sabe Senhora das tempestades.
(Excertos de Senhora das Tempestades de Manuel Alegre in Senhora das Tempestades)
gosto muito desde livro, até por ter poemas sobre a Foz do Arelho, a minha praia, o meu mar...
ResponderEliminarTambém gosto imenso deste livro e também gosto muito da Foz do Arelho (especialmente quando é fácil arranjar lugar para estacionar o carro...). E já lá vi o Manuel Alegre com os seus apetrechos de pescaria.
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