Aqui no Ginjal, à beira do Tejo, te digo:
nem todo o corpo é carne, é também água, terra, vento, fogo;
é sobretudo sombra à despedida e onda de pedra em cada reencontro;
e é um fugidio vulto de primavera agora que estamos em pleno outono.
é sobretudo sombra à despedida e onda de pedra em cada reencontro;
e é um fugidio vulto de primavera agora que estamos em pleno outono.
No teu corpo existe o mundo todo.
Eu possa dizer do amor: que não seja imortal, posto que é chama mas que seja infinito enquanto dure.
(Uma tarde num cacilheiro a caminho de Lisboa)
Nem todo o corpo é carne… Não, nem todo.
Que dizer do pescoço, às vezes mármore,
às vezes linho, lago, tronco de árvore,
nuvem, ou ave, ao tacto sempre pouco…?
E o ventre, inconsistente como o lodo?…
E o morno gradeamento dos teus braços?
Não, meu amor… Nem todo o corpo é carne:
é também água, terra, vento, fogo…
E o morno gradeamento dos teus braços?
Não, meu amor… Nem todo o corpo é carne:
é também água, terra, vento, fogo…
É sobretudo sombra à despedida;
onda de pedra em cada reencontro;
no parque da memória o fugidio
onda de pedra em cada reencontro;
no parque da memória o fugidio
vulto da Primavera em pleno Outono…
Nem só de carne é feito este presídio,
pois no teu corpo existe o mundo todo!
Nem só de carne é feito este presídio,
pois no teu corpo existe o mundo todo!
(Presídio de David Mourão-Ferreira)
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