Dá-me a tua mão neste jardim suspenso na manhã, dá-me a tua mão para que eu sinta esse gesto no mais interior que tem a casa, para que eu sinta o teu corpo sobre o meu, para que eu sinta o mundo todo batendo no meu pulso. Dá-me a tua mão, vamos andar de mãos dadas por aí, pelo mar alto, dá-me a tua mão, vamos andar de mãos dadas para todo o sempre.
O impossível somos nós.
(Um dos sítios mais bonitos do mundo, um sítio de paz, onde os olhos não conseguem absorver todo o espírito, toda a magia do lugar: Jardim do Ginjal junto ao Elevador Panorâmico de Almada, o Tejo a correr manso, juntando com ternura as duas margens, Lisboa ali tão perto)
Jardim de inverno
suspenso na manhã
como um sol
nos vidros
coalhado
cravado na cidade
e sobre a carne
sedento devagar
e tatuado
E semelhante
felino
e sequestrado
e só suspenso
mas firme
e aderente
É como um útero
secreto
e encontrado
onde se adivinha uma semente
E sobre a pele
oásis
pelos olhos
e nos sentidos
brandura
reinventada
como outro gesto
detido nas paredes
no mais interior
que tem a casa
e aí me detenho
e eu e tu nos encontramos
e aí penso
seguro
e me debruço
sentindo o teu corpo
sobre o meu
e o mundo batendo
no meu pulso
(Jardim de Inverno de Maria Teresa Horta)
sim, um lugar de grande tranquilidade...
ResponderEliminarum ponto de partida para tantas viagens.