Ginjal e Lisboa

Ginjal e Lisboa

08 novembro, 2010

Estaremos sempre tu e eu sozinhos na terra para começar a vida

Nem quero pensar se é certo querer o que vou lhe dizer: se a chuva cai e o sol não sai, penso em você e tenho vontade de viver em paz com o mundo e consigo - porque estaremos sempre sozinhos, estaremos sempre você e eu sozinhos na terra para começar a vida.

(Homem à proa do Ginjal, desafiando o Tejo, enfrentando Lisboa)


Sempre


Ao contrário de ti
não tenho ciúmes.

Vem com um homem
às costas,
vem com cem homens nos teus cabelos,
vem com mil homens entre os seios e os pés,
vem como um rio
cheio de afogados
que encontra o mar furioso,
a espuma eterna, o tempo.

Trá-los todos
até onde te espero:
estaremos sempre sozinhos,
estaremos sempre tu e eu
sozinhos na terra
para começar a vida.

(in Poemas de Amor de Pablo Neruda, excelente tradução do poeta Nuno Júdice)

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