Ginjal e Lisboa

Ginjal e Lisboa

23 outubro, 2010

O Tejo é mais belo, o Tejo tem grandes navios, pelo Tejo vai-se para o Mundo

Quando estou ao pé dele, estou só ao pé dele e depois de estar ao pé dele, continuo a estar só ao pé dele


O Tejo é mais belo que o rio que corre pela minha aldeia,
Mas o Tejo não é mais belo que o rio que corre pela minha aldeia



Porque o Tejo não é o rio que corre pela minha aldeia.
O Tejo tem grandes navios
E navega nele ainda,
Para aqueles que vêem em tudo o que lá não está,
A memória das naus.

O Tejo desce de Espanha
E o Tejo entra no mar em Portugal.  
Toda a gente sabe isso.
Mas poucos sabem qual é o rio da minha aldeia
E para onde ele vai
E donde ele vem.
E por isso porque pertence a menos gente, 
É mais livre e maior o rio da minha aldeia.  

Pelo Tejo vai-se para o Mundo.
Para além do Tejo há a América
E a fortuna daqueles que a encontram.  
Ninguém nunca pensou no que há para além
Do rio da minha aldeia.

O rio da minha aldeia não faz pensar em nada.  
Quem está ao pé dele está só ao pé dele.

(O Tejo é mais belo, in Guardador de Rebanhos, Alberto Caeiro)

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