Uma inquietude mágica junto às águas escuras do Tejo.
(Figura inquietante pintada numa parede do Ginjal em Cacilhas)
Sempre amei por palavras muito mais
do que devia
são um perigo
as palavras
quando as soltamos já não há
regresso possível
ninguém pode não dizer o que já disse
apenas esquecer e o esquecimento acredita
é a mais lenta das feridas mortais
espalha-se insidiosamente pelo nosso corpo
e vai cortando a pele como se um barco
nos atravessasse de madrugada
e de repente acordamos um dia
desprevenidos e completamente
indefesos
um perigo
as palavras
(Belíssimo poema de Alice Vieira in O que dói às aves)
.
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